cinema Londres

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Antigamente era assim. Havia um cinema que se chamava cinema Londres e que ficava na Av de Roma relativamente perto de outro cinema que era o cinema Roma.
O cinema Londres tinha umas cadeiras cor-de-laranja que desciam quando nos sentávamos.
Lá em baixo, do lado direito de quem descia, também havia um sítio, cujo nome já não me lembro, todo branco com uns bancos corridos onde costumávamos comer umas tostas mistas e beber uns batidos que eram famosos na altura.
Era mais ou menos isto nos anos 70/80.
Precisava de ficar com esta imagem, e de guardar esta recordação.
Tenho saudades do cinema Londres e tenho um desgosto enorme que um dos sítios mais agradáveis de Lisboa, daquela época que começou nos anos 60 mais ou menos e teve o seu auge nos anos 80 mais ou menos, esteja a definhar de modo acelerado desde os anos 2000 e qualquer coisa.
Não sei porque é assim. Esta parte da cidade que muita gente conhece está esquecida. Não me parece que seja uma petição (que já assinei) que vá resolver o problema. Há pessoas a tentar mudar esta tendência de "morte" mas não sei se iremos a tempo. Tenho esperança que sim. Mas parece-me que nós pessoas comuns temos que fazer mais, muito mais, do que está a ser feito.
Não quero ofender ninguém e cada um é livre de viver onde quiser, mas aqui não há centros comerciais gigantescos nem ruas e ruas onde a única coisa que se encontra são "blocos" de apartamentos com jaccuzi, música ambiente, e tri-selectores de lixo (seja lá o que isso for).
Se eu quiser, posso sair de casa para comprar qualquer coisa que precise sem me enfiar no carro para ir ao centro comercial.
Aqui há lojas em ruas com calçada portuguesa e árvores, há jardins, há mercado de rua, há escolas, há padarias, sapateiros, retrosarias, floristas, livrarias, cafés, quiosques de revistas, mercearias, farmácias, cabeleireiros e outras coisas assim que fazem dos bairros sítios agradáveis para crescer e viver. Para andar ao ar livre. Ou para sentar-me numa esplanada a ver quem passa e queixar-me que está calor ou que o vento não me deixa ler o jornal.
As cidades não deviam ser feitas de sítios assim?

6 comentários:

  1. Concordo plenamente Paula. É também esse o meu conceito de cidade e tenho muita pena que essa seja uma realidade cada vez mais comum a muitas zonas de muitas cidades do nosso país. Acho que podemos e devemos fazer mais, de facto.
    Um beijinho

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  2. Ainda ontem comentava com um amigo a decadência, para mim sem explicação, desta zona de Lisboa. Durante muitos anos também eu frequentei o cinema Londres e a sua cafetaria. Tenho vários amigos a morar na zona e penso que continua a ser um dos melhores locais para se viver em Lisboa. Ou mesmo para trabalhar. Tenho esperança que a situação se inverta num futuro próximo, e vou procurar essa petição para assinar! Bjo

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  3. Olá Paula,
    Já morei nessa zona, logo que casei, e era sensacional. Depois vim para a Estrela, e desde então a vida faz-se mais para este lado. Por acaso na semana passada fui à Guerra Junqueiro, que era coisa que não fazia há séculos, e notei a diferença. Muito vazio de pessoas.
    Tenho saudades dos cinemas de rua, do Londres, do São Jorge ( ainda funciona) do Condes, enfim, tantos. Mas se calhar é nossa culpa: deixámos de lá ir, sem clientes, não funcionam. Quando se combina acaba por ser nas Amoreiras, no Corte Inglês, come-se qq coisa, antes ou depois, olha-se uma montras para fazer tempo...
    Tenho muita pena que o Londres desapareça, assim como se foi o snack do Ritz à rua Castilho. E todos os dias passo defronte ao ex salão de bilhar,na Pedro Alvares Cabral. Era linda a arquitetura interior, como as mesas dispostas simetricamente, com os candeeiros todos iguais por cima do pano verde. Agora é uma loja de Chinês. Enfim, não sei o que poderíamos fazer. Na vida, tudo sempre acaba um dia. O bom e o mal. Bj e boa semana.

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  4. Olá Paula! Com este assunto tocaste-me numa ferida que tenho aqui a dar-me comichão há muito tempo. Ando numa espécie de sentimentos mistos com a av de Roma e toda esta zona das Avenidas Novas.É verdade que se anda a ver um crescimento abrupto de lojas asiáticas e o fecho de imensos locais que para nós eram clássicos. A mim custou-me muito ver o Londres e o King a fechar, principalmente porque costumava frequentar o café/bar que estava por baixo do King.

    A verdade é que enquanto vejo muita coisa a fechar também vejo muita coisa a abrir, como a confeitaria LX, o Strudel aqui ao pé do técnico, uma loja que está no cruzamento com a Av. Estados Unidos da América e que no fundo é um espaço onde pequenas marcas podem expor e vender os seus produtos... No final, há coisas positivas e coisas negativas a acontecerem por aqui. A verdade é que nunca fui lanchar tantas vezes fora com as minhas amigas à Av de Roma, e há sempre espaços novos para conhecer. Gosto desta riqueza que estou a ver a desenvolver-se, que contrasta tanto com as lojas que vejo a fechar.

    Depois de ter passado umas boas semanas a pensar no assunto enquanto passeio na Avenida cheguei à conclusão que esta cidade é uma metamorfose constante - se por um lado vejo locais a entrarem em decadência, vejo outros a saírem da decadência e a brilharem cada vez mais.

    Depois, também acho que a cidade é o que fazemos dela. Cabe a nós, como cidadãos sermos um pouco mais selectivos no local/produto onde empregamos o nosso dinheiro e não esquecer as coisas que verdadeiramente gostamos. A meu ver, o Londres poderia ter-se tornado um centro de co-working ou se continua-se a ser cinema que fosse feito como no S. Jorge e tornar-se um cinema dedicado exclusivamente a mostras e festivais de cinema/ sala de espectáculos. Bom, vamos acreditar que isto melhora não é? :)

    (desculpa ter-te feito aqui o que considero ser o meu maior comentário de sempre!)
    bom inicio de semana!

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  5. Concordo plenamente Paula.

    Nasci, cresci e vivo ainda neste Bairro. Vi muitas mudanças, umas menos boas, outras até bastante boas!

    Temos a sorte de ter pessoas no nosso Bairro a tentar preservar a "Vida de Bairro". Um bom exemplo disso foram os eventos criados, que até direito a página no facebook tiveram.

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  6. Conheci a av. Roma nos anos 80, época que morei na Guine Bissau e para ir ou voltar de lá passavamos por Lisboa. Sempre ficavamos uns dias na cidade e quase sempre em um hotel nesta avenida. Adorava o fato de quase todos se colhecerem, de vê pessoas perguntando pela família, por fulano ou beltrano numa atmosfera familiar. Claro que os centros comerciais são bons, mas também prefiro o comércio de rua, mais intimista e acolhedor. Torço para que se consiga encontrar uma boa solução para o problema e que estes locais sejam revitalizados.
    Beijos

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