"preciosidades"

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Estou a chegar à conclusão que tenho umas preciosidades nos últimos tecidos que comprei.
Tenho reparado nas etiquetas que acompanham as peças e em comum têm o facto de quase todas, se não forem todas mesmo, pertencerem a fábricas ou revendedores que estavam localizados a norte do país.
A grande maioria faz referência ao Porto. Uma delas, a Bernardino Leite de Faria & Ca. que se dedicava ao comércio de têxteis por grosso, estava situada na Sé e tinha como morada a Rua Mousinho da Silveira 230.
Estando no Porto há uns dias atrás era muito difícil não satisfazer a curiosidade de procurar esta morada e descobrir o que tinha acontecido a estes senhores. Será que ainda tinham loja aberta? Será que iria encontrar mais um daqueles lugares que pararam no tempo com coisas de antigamente à espera de serem redescobertas? Algures descobri que pelo menos um deles com o mesmo nome, em 1903, era o sócio efectivo nº 116 da Associação Comercial do Porto com morada no mesmo local.
Mas tive azar. O que descobri foi um edifício branco de portadas verdes, bem bonito, fechado, à espera de ser arrendado. E não faço a mínima ideia se esta história acabou aqui ou se teve continuação em algum lugar que eu desconheço. Ficámos um bocadinho por ali a olhar para ele a assimilar a nossa decepção.
Provavelmente quase todas as referências que tenho encontrado nestas etiquetas de tecidos antigos tiveram o mesmo destino, mas enquanto não tenho a certeza vou pesquisando (como amadora, claro!) com esperança de encontrar alguma que ainda funcione e talvez ainda tenha mais algumas "preciosidades" à minha espera. Gostava de saber um pouco mais sobre estes tecidos fabricados por cá noutros tempos. Onde iam buscar os padrões? Quem os desenhava? Quais as matérias primas que utilizavam? ...
Entretanto, a própria Rua Mousinho da Silveira é uma "preciosidade" de lojas antigas fechadas. Tive a satisfação de fotografar as montras e a frustração de não poder entrar para descobrir o que vai dentro destes sítios parados no tempo à espera de alguém que os recupere.

7 comentários:

  1. Olá,

    Adorei o texto. Sou uma "pesquisadora" de temas antigos. Quando encontro algo de outros tempos fico vagando no que poderia ter acontecido até o objeto ter chegado as minhas mãos. Tambem gostei por ser ter sido o Porto a cidade descrita, sou grande admiradora desta cidade, um dia ainda vou morar lá!!!
    Beijos

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  2. Que emocionante a sua busca! Tomara que você ache mais e mais preciosidades para dividir com a gente, adoro suas buscas.
    Bjs

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  3. Olá Paula: tenho algo em comum consigo: paro muitas vezes em frente às montras de lojas antigas de bairro, só a absorver tudo o que lá está exposto e a contemplar os preços e etiquetas escritos à mão, geralmente a caneta de feltro e letra desenhada. Ainda há bastantes ali pelo Rato, Calçada do Combro, Campo de Ourique. Perco-me por aí! Sabe, esta tarde o meu filho que vem a pé da escola para casa mandou-me uma mensagem que dizia o seguinte: " Mãe descobri que tenho o mesmo defeito que tu, parei para ver montras no caminho para casa!"
    Achei piada ao termo "defeito" pois acho que vem do fato de que sempre que estamos os dois a pé, eu paro imensas vezes, e ele puxa-me sem paciência! Pelos vistos, esta tarde distraiu-se com as montras e achou que se estivesse acompanhado, iria ser chato para a outra pessoa!
    Bj Paula, e continue com as suas pesquisas, são muito interessantes. Talvez também desse um livro, uma recolha, enfim...

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  4. Uma pesquisa muito interessante e a descoberta é bem triste, aqui acontece também, grandes indústrias/empresas exterminam com os pequenos fabricantes e comércios de bairro.
    As pequenas fábricas, comerciantes tradicionais e produtores artesanais são sufocados pela concorrência e desaparecem.
    Uma grande perda.
    Também gosto de observar vitrinas (montras) ainda é possível garimpar alguma raridade.

    Abraço e aproveite seus pequenos tesouros.

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  5. Uma tristeza todas essas lojas fechadas, abandonadas... esse comércio mais artesanal acaba não conseguindo competir com as grandes indústrias. Uma pena!

    http://naomemandeflores.com

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  6. Oi Paula, que interessante a sua busca! Estes tecidos nos levam mesmo a outros tempos! É uma pena que as lojas menores não tenham como competir com as grandes indústrias :( Espero que consiga encontrar alguém nessas suas empreitadas.
    Abraço,

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  7. É de facto muito triste encontrar essas arcas de "preciosidades" abandonadas. Sucede em todas as cidades: a mítica chapelaria da Figueira da Foz fechou portas no ano passado. E torna-se cada vez mais difícil encontrar artigos de qualidade e portugueses na loja da esquina. Tínhamos um luxo e não sabíamos... Boa busca!
    Ana

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