manual do fabricante de tecidos

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"Na primeira edição dêste Manual, escrevemos: "a vulgarização dos processos e das operações que compõem uma indústria, parece-nos, tanto ou mais útil que conhecer a história política e social de um povo."
...
Repetimos porém o que já escrevemos na primeira edição, isto é, "não se deve pensar que só pelo livro se pode conhecer, em tôdas as suas minúcias, uma indústria tão variada e complexa, como é a dos têxteis, tornando-se indispensável completar o estudo teórico com uma aturada e orientada prática."
A não ser nas fábricas onde o operário e o patrão podem colher elementos para conhecer teóricamente as indústrias e depois as poderem praticar, em Portugal, faltam infelizmente escolas de fiação e tecelagem, como faltam também professores habilitados para ministrarem um ensino teórico prático da transformação dos têxteis, segundo os processos empregados pela sciência moderna.
... O ensino nas fábricas é sempre defeituoso, mas se não temos escolas-oficinas nem mestres que se possam dizer competentes, que remédio senão o ter-se de recorrer às oficinas?"
Quem escreve assim em inícios do século XX é José Maria de Campos Melo (Técnico Industrial, professor do Ensino Industrial,  antigo director da Escola Industrial de Lanifícios Campos Melo, Covilhã. Antigo director Técnico da Fábrica Velha, na Covilhã. Antigo deputado.)
E este texto é extraído do Prefácio do Manual do Fabricante de Tecidos da Biblioteca de Instrução Profissional, do qual é o autor.
Parece que o ensino profissional continua a ser um tema sempre actual, embora os problemas sejam velhos.
Descobri a existência deste livro através da Sara. E devo dizer que é um dos meus livros preferidos.
O ano passado encontrei uma versão que fez as minhas delícias não só pelo interesse do conteúdo como pela forma opinativa como estava escrito.
Há uns dias atrás, por acaso, encontrei este exemplar da 2ª edição à venda, que julgo ser mais antiga, e à qual não resisti. Não só por me parecer muito diferente do outro em algumas partes (tem 598 páginas em vez 258) mas também pela ortografia antiga (lan em vez de lã, sciência em vez de ciência, ...) em que está escrito e pela descrição de alguns dos processos que devem ser bem mais antigos onde aparecem ilustrações com senhoras (fiandeiras) usando saias compridas.
Esta colecção é absolutamente fantástica. Na minha lista de desejos segue-se o "Manual do Sapateiro" e o "Manual do Tipógrafo".

1 comentário:

  1. Realmente não sabia que a primeira edição era maior, o que até é estranho, costuma ser ao contrário (:
    Excelente achado! Sobre o Manual do Sapateiro, já me fartei de perguntar. A última pessoa que falei sobre esta colecção disse-me que o manual do sapateiro era caro, raro, e que não valia a pena... Falou-me contudo num (ainda mais raro, ainda mais caro) que me deixou logo a pensar, o manual de fabricante de brinquedos... deve ser qualquer coisa do outro mundo (:

    dica: se quiseres desfolhar o manual do sapateiro para ver se vale a pena sei que está na biblioteca central do IST, ainda não fui lá vê-lo mas está na lista (:

    Beijinho!

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