(imagens retiradas do catálogo da exposição)
"Pronto", agora gosto destas coisas (e estou cansada de tantas notícias sobre a recessão)!
O que tenho aprendido nos últimos tempos fez-me olhar para a roupa de um modo diferente. Agora quando vejo algumas peças dou por mim a procurar a etiqueta para saber de que tipo de tecido são feitas, observo a qualidade do tecido, tento imaginar qual ou quais os moldes que lhes deram origem, e olho para a qualidade da execução ( ... tanta coisa ...).
Algumas vezes (nos dias mais contemplativos) dou por mim a apreciar mais o processo de realização da peça de roupa em si do que propriamente o uso que lhe poderia dar.
Aprender tem este efeito, torna-nos mais atentos e mais interessados no que nos rodeia.
Foi por isso que nas últimas férias visitei a exposição de "Haute Couture" no Hotel de Ville em Paris. Esta visita deu-me uma nova perspectiva que provavelmente eu já poderia conhecer mas para a qual andei um pouco distraída.
Eu sei que à alta costura está associado uma série de coisas com as quais eu não tenho nada a ver mas olhar para qualquer uma das peças (lindissimas) que estão em exposição depois de ler a interessante explicação sobre o processo de execução de um destes vestidos teve o efeito de passar a olhar para eles como peças de arte em vez de ver "simples" vestidos para gente rica.
São peças únicas completamente executadas à mão com um cuidado enorme durante muitas (muitas mesmo) horas de trabalho.
Em que momento é que de uma saia ou camisa comum passámos a criar algo assim com esta perfeição? Parece que o conceito de alta costura começou no início do século XX. E a ideia de associar o conceito de marca a roupa veio a seguir. A ideia do artista (leia-se costureiro/a) que concebe a obra concretizou-se por aí ao dar um nome à coisa. E os antigos ateliers de costura passaram a ter outra importância.
Desde os esboços dos primeiros desenhos, a escolha dos padrões e das cores, o desenho técnico, os ensaios antes da execução no tecido final até ao incrível trabalho feito à mão pelas costureiras fez-me ver que afinal roupa também pode ser sinónimo de arte. Qualquer peça destas é um exemplo excelente do que de melhor se pode fazer através das nossas mãos com trabalho puramente manual.
Esquecendo o lado negro (que infelizmente tem muitas faces) associado a esta indústria conseguimos apreciar esta exposição com o respeito que merece. E ao olhar para cada peça imagino a quantidade de pessoas talentosas, a quantidade de horas, e a quantidade de trabalho por trás de cada vestido.
Infelizmente o tempo que tive não foi suficiente para apreciar devidamente cada um dos vestidos que, desde 1900 até aos nossos dias e passando pelos anos 50/60 meus preferidos, estavam em exposição. A minha filha Marta foi a melhor companhia que podia ter e por mim teria demorado mais um pouco.
Agora percebo o fascínio de algumas pessoas por estas coisas "fúteis" ...
Deve ter sido muito interessante visitar a exposição, apreciar o trabalho manual e minucioso empregue em cada peça. :)
ResponderEliminarTempos em que a massificação da produção em série ainda não reinava e o talento da costureira e a personalização da roupa(e não me refiro em exclusivo à alta costura) era realmente estimado e reconhecido. Beijinho e bom fim-de-semana.