divagando do verbo "fazer"

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Foto disponibilizada por Henry Poole & Co para Zady.com

Estive a ler sobre alfaiates num dos sites que gosto de ir visitando de vez em quando.
O ambiente de atelier, com tecidos e corte e costura à mistura, e de certeza o prazer de fazer bem e à medida para quem apreciar e puder pagar. Que poderei dizer além do facto de que gostaria de ter a experiência de passar por um, uns tempos, e ficar por lá a ver e a aprender.
Aqui em Lisboa há vários, mas quando me falam em alfaiates lembro-me sempre de um que há (ou havia até ao ano passado) no Largo do Coreto de Carnide e que fazia os meus encantos sempre que espreitava pela montra antes de ir buscar a Mariana às suas aulas de música.
Enquanto lia saí de Lisboa e "voei" até Savile Row em Londres, uma rua que é conhecida como um centro de excelência pelos seus alfaiates. Dizem estes senhores, com um ar muito aprumadinho e muito "british", que um fato à medida pode demorar cerca de 70 horas a ser feito por alfaiates de primeira.
70 horas é uma "montanha" de tempo. E quanto aos alfaiates "de primeira" leia-se muitos anos como aprendiz, anos a repetir os mesmos preceitos muitas vezes até lhes conhecer as manhas e os truques, anos até conseguir fazer algo tão perfeito e quase sempre único que não há máquina que justifique programar para ter algo assim.
Gostava mesmo de ver do princípio ao fim as 70 horas que estes senhores levam a fazer estas coisas.
Não é válida por aqui a tendência de nivelar pela média do custo/benefício (que queremos sempre optimizar) onde aos poucos se perde este conhecimento que só se transmite assim: fazendo e vendo fazer.
Em vez dos alfaiates poderia estar a falar dos fazedores de sapatos, ou dos que trabalham o vidro, ou outros fazedores quaisquer. Estou a falar de artesãos e não de arte. Falo de ofícios. Só fazendo se dá valor.
Na essência do fazer está também a compensação do trabalho realizado e posso garantir que é uma sensação óptima!

1 comentário:

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