conversas soltas ix

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Ontem fomos à praia. A Marta e o Miguel estão a estudar para os seus exames e a Mariana era a única que estava livre para nos acompanhar. Sem ter que partilhar o tempo de antena houve margem para os mais variados temas.
Digno de registo para que mais tarde possa recordar considerações sobre a importância do casamento.
Como habitualmente completamente espontâneo, inesperado, e após algum silêncio, resultado de um momento de reflexão que prometia ser interessante:
Mariana: "Mãe, o casamento não interessa para nada. São só duas alianças, um papel, umas roupas e um padre que diz umas falas. Na realidade, a única coisa que interessa é a avó, és tu, sou eu. Eu é que sou mesmo tua filha e tu és minha mãe, e a avó é a tua mãe e assim por aí fora. O pai na realidade podia ser outra pessoa qualquer ... Tu não, tu tinhas que ser mesmo tu. Não é mãe?"
Eu que até li "As brumas de Avalon" e que até veria com interesse e curiosidade algum matriarcado por oposição a muita coisa que vejo por aí que merecia correcção e maior equilíbrio não pude deixar de saborear este momento.
Em fracções de segundo mil e uma coisas passaram-me pela cabeça. Pensando nesta ligação física que me transcende e que me liga aos meus filhos de um modo que não sei explicar por momentos estive quase a dizer que sim. Mas depois entrou a parte racional à mistura com sentimentos que me davam os argumentos definitivos para o não.
Com isto deixei passar a oportunidade de lhe explicar correctamente que não é bem assim. A Mariana já estava a entrar noutro tema e eu ainda não tinha a resposta bem preparada.
Independentemente da explicação sobre as questões formais ou não do casamento o importante era ter-lhe explicado que o pai importa sim e é fundamental para que ela seja assim. Que existe algo mais que justifica a sua importância e que só podia ser essa a pessoa para ela ser quem é.
Teremos que voltar a esta conversa ...

4 comentários:

  1. Interessante a reflexão da Mariana e a forma como expôs os seus pensamentos/sentimentos. Da pessoa ficar sem resposta! Tal como a Paula, considero que a conversa ainda não terminou. Beijinho

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  2. Olá Paula,
    Uma cabeça pequenina sempre envolta em pensamentos grandes. Curioso que para ela haja essa ligação entre as mulheres da família, dispensando-se mesmo a ala masculina. Gostei de ler. Beijinhos!

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