as casas dos portugueses em Goa

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Registo de viagem, número dois ...
Em 1961 os portugueses que aqui viviam tiveram que deixar Goa.
Os testemunhos de mais de 400 anos de permanência nesta região são mais que muitos.
A influência na comida. Em todos os restaurantes onde passei encontrei quase sempre "caldo verde" e "chourizo", e estes eram os mais evidentes. Com um pouco mais de atenção descobria outros pratos com semelhanças à cozinha portuguesa. Independentemente da influência ou não adorei a cozinha goesa e esta é seguramente uma das coisas que me deixou saudades.
Os nomes. Muitas das pessoas tinham apelidos portugueses: Santos, Silva, Rodrigues, ... Imensas ruas, locais, e edifícios públicos como hospitais, por exemplo, mantém os nomes originais. A grande maioria das igrejas que são mais que muitas têm nomes de santos escritos em português.
É tão estranho encontrar esta familiaridade tão longe de casa. 
Mas aquilo que mais me fascinou foram as casas de habitação construídas pelos portugueses com arquitecturas muito semelhantes e que a mim me pareceram tão encantadoramente românticas.
São casas de um só piso, com telhados altos para proteger do calor, e todas elas com janelas altas sob um grande alpendre que em muitas das casas se estende a toda a volta. A entrada principal tem alguns degraus que levam a um pequeno átrio com bancos de pedra laterais. Como ao final da tarde quando o sol se põe por volta das 6h os mosquitos atacam ferozmente imagino que um dos momentos de utilização destes bancos deve ter sido ao serão.
Algumas continuam rodeadas de jardins protegidos por muros baixos de pedra mais ou menos decorados. As cores são as que nos habituámos a ver em Portugal: azuis, rosa, amarelo, suaves; em contraste às cores fortemente garridas que se vêem na pintura exterior das casas típicas goesas.
Infelizmente não consegui visitar nenhuma delas, com excepção da casa onde viveu Luis Menezes de Bragança (já falecido há muitos anos) localizada em Chandor e que é considerada a maior casa de Goa (últimas três fotografias). A pessoa que toma conta da casa não permitiu que tirássemos fotografias no interior que é absolutamente fantástico e que no seu apogeu antes da família ter sido expoliada pelo Estado deve ter sido uma das casas mais luxuosas e ricas que existiram nessa época. Do recheio ainda "sobrevivem" verdadeiras preciosidades cuidadosamente mantidas pelos últimos membros da família: candelabros de Murano, loiça decorativa antiga chinesa lindíssima, serviços de jantar, e mobílias com peças girissimas como uma "cadeira de namorados" encantadora que estava junto a uma das varandas.
Dois pormenores curiosos nesta casa e que percebi serem característicos em Goa são as janelas que em vez de vidraça tinham "lâminhas" muito finas de concha e os quadros pendurados nas paredes estarem apoiados em suportes com a forma de mãos. No caso das janelas, segundo nos explicaram, o recurso às conchas permitia proteger da entrada do ar quente e mantinha a luminosidade. O efeito é girissimo (penúltima fotografia).
Só consegui fotografar algumas das casas mais próximas da estrada, mas existem imensas, e o guia que nos acompanhou disse-nos que muitas delas estavam actualmente a ser compradas e recuperadas por alemães e ingleses. Espero que sim ... porque é uma pena ver o estado de abandono e degradação em que se encontra a maioria.
Olhando para estas casas sente-se a nostalgia de outros tempos.
Fica-me a imagem de um local que parece ter ficado parado algures lá atrás, abandonado à pressa, que se foi degradando pelo tempo, e dos quais só resta um bocadinho do "brilho" e da beleza de outrora.
Simplesmente, adorei as "casas dos portugueses".

10 comentários:

  1. Independentemente do que possa ter ocorrido durante a colonização, o que é facto é que deixamos também um património riquíssimo a nível de arquitectura, gastronomia etc
    Nem tudo foi mau ... as tuas fotos estão lindas!
    Bom fim de semana

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    1. Esqueci-me de acrescentar que adorei saber sobre o pormenor das vidraças feitas de conchinhas :)

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    2. CAROS SENHORES,
      Voçês andam totalmente equivocados. Estas casas são casas ancestrais DE FAMÍLIAS GOESAS. E sempre o foram, muito antes do Estado Português da Índia ter sido invadido pela India.
      Repito, quem aqui sempre morou foram GOESES e a sua arquitectura reflete a IDENTIDADE GOESA. Nunca foram habitadas por "portugueses de Portugal.
      Fazemos nos entender?

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    3. CAROS SENHORES,
      Voçês andam totalmente equivocados. Estas casas são casas ancestrais DE FAMÍLIAS GOESAS. E sempre o foram, muito antes do Estado Português da Índia ter sido invadido pela India.
      Repito, quem aqui sempre morou foram GOESES e a sua arquitectura reflete a IDENTIDADE GOESA. Nunca foram habitadas por "portugueses de Portugal.
      Fazemos nos entender?

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  2. Bem, que viagem incrível Paula! Gostava muito de um dia visitar a india, e gostava em particular de poder ver a herança cultural que os Portugueses deixaram. Fascinante!

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  3. Casas absolutamente fantásticas. E tenho a mesma impressão que tu, quando vejo casas que outrora tiveram a sua pujança, abandonadas: que o tempo parou e elas por lá ficaram, cristalizadas e a degradarem-se. Uma pena, oxalá haja realmente esse lançar mão por parte dos alemães e ingleses.

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  4. CAROS SENHORES,
    Voçês andam totalmente equivocados. Estas casas são casas ancestrais DE FAMÍLIAS GOESAS. E sempre o foram, muito antes do Estado Português da Índia ter sido invadido pela India.
    Repito, quem aqui sempre morou foram GOESES e a sua arquitectura reflete a IDENTIDADE GOESA. Nunca foram habitadas por "portugueses de Portugal.
    Fazemos nos entender?

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  5. CAROS SENHORES,
    Voçês andam totalmente equivocados. Estas casas são casas ancestrais DE FAMÍLIAS GOESAS. E sempre o foram, muito antes do Estado Português da Índia ter sido invadido pela India.
    Repito, quem aqui sempre morou foram GOESES e a sua arquitectura reflete a IDENTIDADE GOESA. Nunca foram habitadas por "portugueses de Portugal.
    Fazemos nos entender?

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