aprendizes

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Nos meus passeios até à Livraria Barata além das revistas do costume, ocasionalmente, escolho uma revista diferente.
Desta vez ao folhear a Monocle de Abril encontro um artigo que dá início a uma nova rubrica chamada "Master and Apprentice" que conta histórias sobre a passagem de conhecimento, no "saber fazer" pela prática e pela experiência, entre um mestre numa determinada profissão e um aprendiz.
Na primeira história a profissão em causa é a de alfaiate e conta o caso de um rapaz que vivia em Seoul onde se licenciou como engenheiro na área do IT, e depois resolveu mudar de vida. Inscreveu-se num curso de "pattern design" em Milão e após o concluir, depois de várias tentativas, lá conseguiu ser admitido como aprendiz num alfaiate antigo na mesma cidade. E até parece que é feliz.
Este artigo chamou-me a atenção porque falava de costura (of course!), e também pelo facto de mencionar o dito curso de "pattern design".
Dizer que existe alguma semelhança será abusivo da minha parte, mas eu que estudei matemática e trabalhei quase toda a minha vida na área do IT, recentemente (nos últimos 6 meses) dei por mim a fazer um curso de moldes (ou seja, "pattern design") ao fim-de-semana. Porque sempre gostei de desenhos técnicos e porque achei piada à possibilidade de desenharmos ou adaptarmos a nossa própria roupa.
Não estou como aprendiz num alfaiate (e até não me importaria de estar), mas estou a aprender a costurar.
É engraçado e curioso encontrar estas histórias. Cada vez dou mais valor ao "saber fazer" e é engraçado constatar que há mais quem pense assim.
É óbvio que a ideia do rapaz de Seoul é outra, bem mais séria, e inteligentemente pensada por quem cedo parece saber o que quer da vida.
Para mim, a ideia (mais modesta) tem a ver com a capacidade de aprender um ofício e ser capaz de produzir peças originais com as nossas mãos, o mais perfeito possível, apesar das imperfeições do trabalho manual que as tornam únicas. É algo que cada vez me seduz mais.
Há tempos atrás ouvi alguém dizer que estudar e ter um curso superior é importante, mas também é igualmente importante, nos tempos actuais, aprender um ofício seja ele qual for.
Para quem como eu sempre trabalhou no dito sector da economia dedicado aos "serviços" posso declarar que contrariamente ao que acontece na prestação de serviços, neste caso, o exercício em si nos liberta o "espírito", e no fim, ao olhar para o produto final deixa-nos uma sensação de realização que é altamente reconfortante e recompensadora.
Gostaria, um dia, de me considerar uma "aprendiz" :)

5 comentários:

  1. Que interessante, Paula. Grande mudança de planos... Também dou muito valor ao aprender fazer com quem sabe fazer por fazer mesmo. De minha parte, me sinto uma aprendiz do patchwork, e talvez o mais apaixonante seja que ele não está aliado a qualquer obrigação. Aprendo por quero, porque amo e porque me faz bem. E claro que também porque adoro ver finalizado algo que possa dizer "eu que fiz!".

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    1. É mesmo isso Rebecca! Exactamente como está dizendo! Aprender porque quer sem estar aliado a qualquer obrigação. É isso que faz bem! Boa Páscoa :)

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  2. Interessante a arte da alfaiataria, há artes em que não dá para adquirir o conhecimento teórico e então depois aplicar na prática, tem de vir assim tudo misturado, construído com erros e tentativas e muito atenção ao "mestre".

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  3. É isso mesmo, há mais pessoas a pensar assim... há dois anos atrás escrevi qualquer coisa parecida: http://www.tricotaria.com/2011/08/random-thoughts-tangible-goods.html e hoje voltaria a escrever o mesmo !

    Boa Páscoa!

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    1. Não serei a primeira e espero não ser a última! :)
      Espero que cada vez mais existam mais pessoas a pensar do mesmo modo para que muita da nossa tradição não se perca e continue a passar entre gerações em vez de ficarmos restringidos a observá-la somente em museus ou a guardá-las como relíquias dos nossos avós!

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