conversas de frigorífico

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"Não foram ao supermercado?! Oh mãe, não há nada no frigorífico!"
"O frigorífico está vazio mãe!"
"Mãe, não há nada no frigorífico para comer!"
"Posso ir comprar uma pizza mãe, no frigorífico só há sopa!"
"Comeram os meus yogurts todos? O frigorífico não tem nada!"
"Mãe, não compraram os meus boiões de maçã? Já não há nenhum no frigorífico!"
"Mãe não há nada para comer! O frigorífico está vazio!"
"Não comi nada em casa porque o frigorífico estava vazio!"
O aspecto do dito é mais ou menos este, e como se pode constatar é muito útil para pendurar as centenas ou milhares de "coisas" e "coisinhas" que os meus filhos trazem para casa e que ajudam a preencher os nossos dias com tarefas muito úteis e interessantes.
Também será escusado explicar que o frigorífico é uma figura central cá em casa e normalmente não está vazio, mas os meus filhos acham sempre que sim.
E por acaso eu já estou um bocadinho de nada cansada de ouvir falar tantas vezes deste assunto  ... ainda por cima porque tem sempre algo implícito associado a mim ... o que também me enerva profundamente devo dizer. Ouviram meninos? Eu sei que vocês raramente lêem isto mas eu estava a precisar deste desabafo. Ouviram? Ok, agora calma que estamos mesmo quase no final do ano lectivo e amanhã já é sexta-feira! (e eu hei-de encher o frigorífico de novo)

imperfeita

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Há uns tempos atrás a Monocle escolheu Lisboa para realizar a sua primeira conferência com o tema qualidade de vida. A seguir, ou durante (já não sei), o seu director veio dar uma entrevista onde dizia que uma das coisas que gostava na cidade e que o tinha atraído era o facto de ser "imperfeita".
Talvez também tenha sido este o motivo pelo qual, muito antes disso, Malkovitch tenha aparecido por cá e tenha ficado, contemplando o Tejo das varandas do Lux, e dizendo que era um dos melhores segredos da Europa esta cidade à beira mar. Se não me engano também ele dizia numa entrevista algo semelhante e parecido com a palavra "imperfeita".
No entretanto, como nunca antes visto, vagas de turistas invadem Lisboa, e parece que cada vez são mais os que cá vêm. Tiram fotografias, sobem e descem ruas, e ficam a olhar-nos.
Quem vem de fora deve ver a tal da "imperfeição".
Eu que nasci aqui e sempre cá vivi, alfacinha e lisboeta, só julgo saber do que falam porque já vi outras cidades das "arrumadinhas", das "monumentais", das "cosmopolistas", e não sei mais o quê.
Gostei de as visitar é certo, mas sempre gostei de voltar ao "lugar comum" que é a minha cidade.
Mais ou menos planeada, com edifícios em ruínas, campos de silvas entre prédios, arrumadores, lixo, e a calçada portuguesa, o rio e os bairros antigos, o castelo e as gaivotas, e a luz. Esta luz fantástica de Lisboa.
Não me canso de andar pelas ruas. Vou guardando imagens sem nexo que não sendo nada de especial são pequenos detalhes que colecciono desta cidade de que gosto tanto. Eu não lhe chamaria imperfeita.

vida de mãe (ainda em modo fatos-de-banho)

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Continuo a falar de fatos-de-banho ... :) Não sei porquê mas deu-me para isto ... :)
Lembro-me de um tempo em que cheguei a vestir os três com calções e fatos-de-banho com o mesmo padrão. Gostava de os ver assim todos vestidos de igual. Esse tempo durou pouco porque a Marta tem uma diferença de oito anos da Mariana e ao fim de 3 ou 4 anos já não queria ir nesta brincadeira. Com pena minha, claro!
Parando com o devaneio sobre o passado e voltando ao tema de hoje a Mariana também teve direito ao seu fato-de-banho novo (as criaturas crescem, crescem, e todos os anos temos que ter este "gasto"). Só que desta vez calhou ser uma marca de nuestros hermanos - a Oriol P.
Têm padrões fora do comum para criança e gostei sobretudo da paleta de cores, principalmente dos lisos.
Para terminar devo dizer que acabou esta loucura temporária de me pôr a mostrar o que comprei ou deixei de comprar porque isso não interessa a ninguém. Com tanto texto seguido sobre roupa e lojas até pode dar impressão que estou com pretensões a outra coisa.
Na realidade o que se passa é que, com excepção desta última, me alegra o facto ter descoberto mais duas marcas portuguesas de muito bom gosto e com qualidade.
E agora que já estamos todos devidamente equipados só falta mesmo ir para a praia e aproveitar bem estes dias fantásticos de sol e de calor que têm estado por aqui nesta cidade à beira mar plantada.

vida de mãe (continua)

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Nos últimos tempos parece que só falo das minhas duas filhas dando a impressão que não tenho mais filhos.
Mas não é verdade! Algures entre uma e outra tenho o meu filho Miguel sempre a mil à hora. Com mais projectos e ideias do que capacidade de os realizar todos vai sempre várias "carruagens" à minha frente. Confesso a minha manifesta e provada incapacidade de acompanhar tal velocidade de pensamento e acção.
Muitas vezes deixa-me baralhada e com dores de cabeça só de tentar acompanhar todos os arranjos e combinações de um dia. E isto entre o final da tarde que é quando ele sai do liceu e as oito e trinta da noite que é quando jantamos normalmente. Em alguns dias a agitação é de tal ordem que está a falar comigo e não consegue acabar as palavras todas e eu acabo por não perceber nada do que ele me quer dizer.
Enfim, ainda a propósito de fatos-de-banho, nas minhas deambulações com a Marta à procura das sandálias ideiais encontrei esta loja no Príncipe Real onde comprei uns calções para o Miguel de uma marca portuguesa com coisas bem giras e em conta (não é "peaners" como diz o outro. Mas custam a módica quantia de 39eur e se comparar com aquelas marcas tipo billabong e sei lá mais o quê, para mim está óptimo).
Tem padrões bem simples e giros, muita variedade de escolha, e finalmente acabou aquela moda horrorosa de usarem calções de banho até ao joelho com uma mistura e intensidade de cor que me feria o olhar já para não falar do resto.
Eu gostei da DCK e aconselho.

vida de mãe

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Querida filha Marta tem baile de finalistas do liceu na próxima semana.
Querida mãe tem que estudar para exame final por causa da frequência a que faltou há uns dias atrás senão a "memória" que já está um pouco enferrujada limpa, fica em branco, e depois corre mal.
Mas querida mãe dói-lhe as pernas e as costas hoje porque ontem andou (quase meia Lisboa) com querida filha à procura das sandálias ideais.
Querida mãe descobriu fatos-de-banho giros e veio para casa super contente e feliz (com a consciência pesada por vários motivos fáceis de adivinhar) sem sandálias da filha mas com fato-de-banho novo.
E é verdade! Chegou o momento em que achei que não podia continuar a "curtir o corpo numa nice" de biquini e estava na altura de me render ao fato-de-banho.
Mas pelo sim, pelo não, querida mãe mantém biquinis na gaveta.
Esta marca é portuguesa de uma designer do Porto e tem modelos gírissimos - a Latitid.

história de um vestido

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Naquele dia só pretendia deixar registo de um dia especial.
Hoje a ideia é juntar mais um ao registo do handmade por mim.
Este dia calhou num momento complicado porque estou a meio das minhas frequências. À primeira pensei em resolver o "problema" procurando um vestido já feito numa loja. Desisti. Nada do que tínhamos visto me agradava porque ou parecia que íamos a um casamento de mau gosto ou então pareciam vestidos comuns.
Eu também não queria nada de especial, mas não consegui encontrar o meio-termo.
Desisti de uma das frequências (o tempo não dá para tudo ... ) e optei por ser eu a fazer um vestido o mais clássico e simples possível que era o que me parecia mais adequado para o momento em causa: a primeira comunhão da Mariana. Inspirei-me numa túnica que já várias vezes tinha feito no Verão passado a partir de um modelo do Girls Style Book.
Escolhi um tecido de algodão de bordado inglês, e como o tecido já era suficientemente elaborado resolvi acrescentar somente uma gola redonda e não pôr mangas. As mangas mais a gola mais o bordado inglês tudo junto era "ruído" a mais para mim. E em vez de túnica optei por juntar mais tecido, franzir, e aumentar o comprimento da saia até ao joelho (os vestidos muito compridos como vi alguns já não se usam e acho que ficam mal).
Enchi este post de fotografias porque há vários pormenores que foram importantes.
O primeiro tem a ver com a escolha do tecido. Estive quase a desistir porque não encontrava bordado inglês à venda. Embora quisesse um com flores mais pequenas assim que encontrei este comprei. Vi vários que eram boas alternativas mas teria que escolher outro modelo porque eram todos tecidos mais estruturados. Neste caso teria ido para um vestido "A-line" que também gosto bastante.
O segundo teve a ver com o corte. Tive que desperdiçar algum tecido porque para mim era fundamental que os bordados fossem simétricos quando tivesse que juntar partes: o que aconteceu nas golas, a frente com a parte de trás da saia, garantir que as linhas de flores ficavam direitas e que o corpo frente e atrás coincidiam na união.
Terceiro: não quis deixar costuras à vista, só dos lados do corpo é que aparece mas foi por distracção minha num dia de cansaço e já não tive coragem de desmanchar. A bainha com quase três metros de diâmetro foi cosida à mão. E para não se verem as margens de tecido nas costuras estas foram todas cosidas ao forro com um intervalo de 2 ou 3mm. Num vestido deste tamanho garanto que não é fácil.
Quarto: em vez de fecho éclair a fechar nas costas optei por usar botões interiores.
Quinto: na realidade em vez de um vestido são dois porque é todo forrado em cambraia.
Sexto: cheia de confiança completei o corpo e a saia sem provar. Quando provei descobri que as túnicas são geralmente mais largas (óbvio!) e portanto teria que desmanchar o corpo dos lados para poder ajustar melhor à cintura. E por outro lado na primeira tentativa a saia só tinha 1,5m o que era pouco para poder fazer roda com algum volume.
Enfim, o que era simples acabou por dar algum trabalho e isto tudo para um vestido que provavelmente a Mariana só vai usar uma vez.
Para finalizar a minha mãe além de ir dando os seus palpites que levavam a algum cose/descose resolveu vir dizer-me que nas revistas que tinha lido (revistas!!! quais revistas!? :)) ninguém usava faixas bejes e que ficava muito "deslavado" :).
O que fez com que acabasse por substituir o beje por azul escuro para lhe fazer a vontade. Mães ......
Na última fotografia aparece uma terceira hipótese que era fazer uma trança em vez da bandolete ou do laço. A minha mãe escolheu a bandolete.
Mas no final devo dizer que também acho que ficou bem melhor com o azul.
Os materiais que usei foram:
- 2 metros de tecido de algodão com bordado inglês (com 1,45m de largura)
- 2 metros de cambraia (com 1,5m de largura)
- 1,5m de fita de gorgorão azul escuro com 4cm de largura
- 3 botões de madrepérola pequenos
(acho que nunca tinha escrito tanto sobre uma coisa feita por mim ... mas garanto que não é vaidosice .. sorry :) Na verdade haveria motivo para voltar a este assunto por causa da decoração da mesa para o almoço que também ficou gira (na minha modesta opinião claro!), mas já não tenho paciência para tornar a falar da mesma coisa. Já chega! ...)

da adolescência e um novo início

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Hoje, dia 10 de Junho de 2015, foi o último dia de exames no liceu.
Hoje foi o último dia de liceu para a Marta.
Telefonou-me para a ir buscar e decidi levar a máquina fotográfica porque sou uma sentimental.
Encontro-a com um dos seus melhores amigos, ou talvez o seu melhor amigo. 
Sinto a felicidade que lhes vai na alma e na minha cabeça eu revejo mil e uma imagens de manhãs que começavam muito cedo e com muito sono, do carro cheio com os três a caminho do liceu numa gincana pelas ruas para chegar a tempo do último toque, de todos os primeiros dias de aulas, de rabujices, das mochilas sempre cheias, das centenas de lanches que preparei, de todos os casacos que ficaram perdidos no recreio, das "saídas" a que consegui ir, das dezenas de professores que conheci, das actividades que programei, das festas de anos que fiz, da lista de contactos que ainda me enche o telemóvel a começar por "mãe de ... (amigos Marta)", e de mil e uma coisas mais que marcavam uma rotina que me cansava mas que eu gostava porque como todas as rotinas fazia-me sentir segura e também me fazia feliz.
Mais um bocadinho de ti que se solta de mim ...
Sinto pena por este tempo que acabou e sinto-me em paz por este momento que chegou. Sou uma egoísta neste sentimento porque sei que agora é contigo. Quero acreditar que fiz tudo o que sentia ser possível fazer e espero que tudo o que fiz, bem ou mal o futuro dirá, chegue para que possas seguir o teu caminho sendo feliz.
Vai, e segue o teu coração minha querida que nós vamos estar sempre aqui para ti.
E que todos os teus amigos que conheci, "mínimos" ainda com 3 anos e que vi crescer, sejam felizes. Cada qual no caminho que melhor souber escolher para si.
(se algum dos dois vir isto as minhas desculpas pelo abuso de ter usado esta fotografia mas estas palavras não podiam ficar guardadas só na minha memória)


dias de família

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Hoje foi o dia da 1ª comunhão da Mariana.
Com a pressa de chegar a casa e conseguir preparar o almoço para receber a família entrei em modo "loop" e só me lembrei das fotografias quando já estavam a sair.
Esta foi tirada logo de manhã antes de irmos para a igreja. Ainda consegui algumas poses mas era díficil apanhá-la queita. Não dá para ver bem mas o vestido foi feito por mim, com as sugestões da Avó I. Tecido de algodão em bordado inglês num modelo bem simples sem mangas e com gola. E desta vez saiu-me bem.
Tivemos um dia feliz!

le voyage

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Hoje recebemos o postal que a Mariana nos enviou a semana passada durante a sua viagem de estudo do liceu. Esta viagem é um "clássico" do liceu onde eles estudam. Para nós a terceira vez deixou uma sensação de "déjà vu" no momento em que nos despedimos dela na estação de Santa Apolónia e no momento da sua chegada quase dez dias depois.
Sentimos-lhe a falta, a casa estava mais vazia, mas era por um bom motivo.
Há coisas que não mudam e esta viagem parece ser uma delas.
Esta repetição que a Mariana nos traz deixa-nos atrasar o passar do tempo. Leio as suas palavras que me lembram o tempo da inocência dos irmãos mais velhos. Às boas memórias que eles nos deixaram com a idade dela juntamos agora os seus momentos. Sinto alguma nostalgia por serem os últimos de um tempo que já não vai voltar porque esta é a minha filha mais nova, mas ao mesmo tempo aprecio a oportunidade de ter tido mais um momento desta infância que ainda estamos a viver.

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